sexta-feira, abril 28, 2006

No fundo

Deitaram-me abaixo
Como quem corta uma árvore,
Inocente, quieta, e sem reacção.
Caí e fiquei assim, no chão,
Intemporáriamente imóvel.
O mundo ficou indiferente e
Tudo passou despercebido.
Por uns tempoa
Já não dormia,
Não acordava.
Vagueava apenas por aí,
Algures,
Em circulos que me levavam a lado nenhum,
Mas que não me deixavam quieto.
Ainda recordo momentos,
Passados deitado,
Ao ar livre
Sobre uma reles, dura e verde
Mesa de ping-pong
Vendo tão e somenteo mundo correr
E o Tempo devorar tudo.
Por algum Tempo, bloqueei-me
E dei algum Tempo perdido
Ao acaso.
O Tempo não me tocava:
Eu era intocável por ele,
Mas não achava grande piada a isso.
Tenho pena do Tempo,
E agora não o invejo:
Ele é sempre igual, sempre andando,
Deixando-se passar sempre para o mesmo lado,
Sempre controlado. O tempo:
Não é ele, não é algo, apenas Tempo...

Hoje:


É outro daqueles dias...
Estou apenas aqui, sentado perante a secretaria, ouvindo apenas uma voz de fundo falar. Talvez seja algo importante e eu devesse tomar atenção. Mas não me apetece nada.
Estou assim aqui tão levemente levado num profundo e adormecido estado: pareço um morto, apenas fazendo aquilo que um vivo tem que fazer para sobreviver...
Perco a cada segundo uma noção de como é bom viver: estou preguiçoso em lembrar o quanto de coisas boas a vida tem, para que pense o contrario do que penso...
A vida acaba por vezes por se tornar oborrecida e melancólica, mas não me importo.
Prefiro viver no meio do inferno pra dar mais valor a cada viagem que faço ao campo verde e fresco.
Não tenho tido muito para fazer:
Ando apenas por aí, circulando neste muito, tentando apenas não sujar os sapatos...

quarta-feira, abril 19, 2006

Fala-me

Vejo que a tempestade rebentando
No meio da noite
E nada dela me atinge.
Tudo é lavado e afastado
Pelos impulsos da chuva.
Os edifícios da ciencia estão de lado
E céu apenas o preto.
Talvez a chuva o lave distante
E o vento empurre tudo para o mar.
Não há nada deixado aqui
Para mim.
Eu presto atenção a tudo aquilo
E gostava poder ir la para fora, e
Levar-me por todo aquele cenário,
Mas sem morrer.
Fala comigo
Mesmo no meio da noite
Puxa sua boca
Perto da minha.
Eu posso ver o vento vir para baixo
Com a noite preta,
E querer ir com ele.
Fala-me assim
Como os ventos furiosos lá fora
Batendo na janela,
E tentando aproximar-nos.
Ouve a chuva cair
Vê o vento vir a meus olhos
Vê a tempestade quebrada
E afinal não ver nada.
Fala comigo
No meio da noite .
Fala-me e
Prende sua boca à minha
Porque o céu está a partir-se.

Eu sei a maneira que te sentes:
Como a chuva fora
Mas fala-me...

Hoje

Hoje é so mais um dia, em que o tempo se arrasta por aí adiante em passo lento...
Como sempre, custa-me levantar da cama, porque os olhos querem mandar mais que eu...
Estou bem, não estou triste, apenas dorido de sorrir.
Escassei-se-me o tempo por trer preguiça de o gerir, e gostava poder fazer um milhão de coisas, e mais outro tanto...
Sou um cobarde da gestão do meu tempo, mas um optimista...
Ha quem diga que sou mais um pessimista mal informado, e não um optimista.
Procuro muitas formas de superar o pouco que faço.
Valem-me ao menos os amigos, quando parte deles não se esquece de mim.
Só existem dois dias do ano sobre os quais nada pode ser feito... um deles é o ONTEM... o outro o AMANHÃ... Portanto, HOJE é o dia certo para... sonhar... ousar... produzir... e acima de tudo acreditar...mas guardo-me sempre para amanhã.
Angustiantemente, leio e vejo muitas coisas que gostava que fossem minhas.
Falta-me o mérito, e creatividade no que realmente é importante.
Se pudesse mudava-me para o meu interior e viveria num sonho, de cara mais levantada, e mais bem penteado.
Mas eu nasci assim, e serei sempre assim: ja me acomodei a isso, e uma multidão de gente que aparenta conhecer-me também.

quinta-feira, abril 13, 2006

Palavras apenas

Em verdade, vivo em tempos escuro,
onde a luz depende daquilo que faço,
e da opinião de quem me julga.
Hoje,
ter uma testa lisa demonstra insensibilidade.
E aquele que ri, é porque ainda não recebeu
alguma terrivel noticia...

EU...

Fui sempre ambicioso. Não credito que a ambição seja algo que se aprenda. Acredito que faz parte da nossa personalidade (preguiçosa por vezes). Continuarei sempre a tentar superar-me.
Sei que hei-de morrer procurando sempre o inatingivel...Mas tenho que ser ainda mais ambicioso.