quinta-feira, setembro 20, 2007

Would you be (more) mine?

E eu continuo a desejar-te como sempre o desejei, mais e mais todos os dias, ainda que o desejo não esteja presente nos teus olhos.
Continuo a querer-te oferecida nos meus braços, perdida de vontade de te enrolares no meu pescoço, e me devorares os lábios. Continuo a querer ver o teu corpo nu, junto ao meu, simplesmente cheio da vontade de me tocar e possuir.
O tempo irá dar-me isso, e tudo será uma questão da minha paciência não me atormentar por toda a ansiedade e saudades que tenho.
Ainda que esteja todos os dias contigo, continuo a ter saudades tuas. Do que es e me das, e ainda mais do que me foste e deste.
O desejo continua a consumir-me o corpo no pleno de todos os segundos. Quero-te mais e simplesmente minha, sem que tenhas que fazer nada mais que ter-me junto a ti...

segunda-feira, setembro 10, 2007

Kiss me

Apetecia-me um pouco de ti. Uma parte qualquer do teu corpo, passando sua pele pelo alcance dos meus labios sedosos desse corpo imundo de tanta beleza.

Apetecia-me. Ainda apetece, e toda esta vontade não vai partir. Não, desde que partiste tu. Todas as particulas deste meu pedaço de ser reclamam por algo que venha da tua parte, por palavras tuas, pelo teu olhar, pelo teu sabor, pelo teu prazer, pelo teu extase.

Não de demores:preciso de ti, do teu corpo enrolado no meu...entrelaçado, despido de roupa e da vontade de ir embora.

Fica aqui comigo, deixados na liberdade intensa debaixo dos lençois, soltos de todas as preocupações. Fica so comigo, e devora-me uma e outra vez, desse mesmo jeito que te quero fazer a ti.
Por favor...

segunda-feira, setembro 03, 2007

(---)

Apesar de eu não querer, ele partiu.
A sua condição física não quis deixa-lo viver mais, muito menos a sua vontade.
Estava cheio de tudo.
Morreu em Novembro há 5 anos.
Há dias ouvia um discurso preparado sobre os dias que passam em que nunca dizemos às pessoas de quem gostamos o quando as amamos, e quando damos conta, é tarde demais para o dizer.
Deixei que ele partisse sem nunca lhe ter dito literalmente que o amava. Queria tê-lo dito. Ainda hoje o digo para mim, no lembrar de todos os dias em que me faz falta.
Era arrogante, másculo, refilão, com maus modos, machista. Mas eu gostava dele assim. A sua mão pesada, e com calos só me dava ternura. E a falta de paciência (que era natural nele) passou-lhe sempre que o meu mimo quis que ele me metesse a comida na boca sentado no seu colo (mesmo sem idade para isso) …
Nunca me gritou, apesar dos desacatos que lhe fazia no quintal, e ainda que o meu pai dissesse para me bater sempre que necessário, nunca o fez (sabendo que o merecia muitas -mesmo muitas - vezes).
Educou-me (e bem).
Se lhe tivesse dito que o amava ele ter-me-ia dito que isso não era coisa de homem, apesar de saber que era verdade, e de saber que ele próprio me adorava (mesmo nunca o admitindo pelas palavras da sua boca).
Tenho saudades de vê-lo que não seja numa foto de jazigo.
Apesar de partir, nunca se foi da minha memória.
Tentei retribuir-lhe nos últimos dias por ter tomado conta de mim durante anos, estando horas a fio ao lado da sua cama, ao lado da sua doença, simplesmente falando, e ajeitando os cobertores. Ele gostava. Mas não o suficiente para voltar a lutar pela vida que a ulcera que queria levar.
Não quis partir sem avisar a minha avó que me desse alguma prenda por esse tempo, em que pensava que me aborrecia ao seu lado. Esse é o meu relógio preferido.
Agora queria ter ido visita-lo mais vezes.
Não era a hora dele, e eu sei bem disso…