Tu por que caminho te comportas, sempre longe de me pertencer?
A mim deveria assistir o direito de te ter mais que a voz estonteante. Tenho um corpo a fervilhar de tanto te querer. Um pensamento que passa os dias a pairar sobre o quanto de loucura vai explodir em mim quando for só teu.
Ainda que não me pertenças, hás-de ser minha por momentos que ninguém me há-de tirar.
Apetece-me desse teu olhar cheio de perspicácia refinada. Falta-me esse olhar a quem nada escapa. Crias extase com uma intensidade pouco comum num corpo que é meu e é entregue a ti como quer que o queiras.
Não deixes passar muito mais pelo momento em que tudo será perfeito. Em que dois corpos se fundirão num so, num climax demasiado intenso para o comum dos sentimentos.
Não consigo ver nos teus olhos o quanto de desejo nasce daquilo que vês em mim. Não sei onde vou cruzar contigo da próxima vez.
Ainda que não penses, a verdade é que és minha sem que te tenha. Pertences-me na minha presença. O encanto todo com que os teus gestos me atiram, deixam-me deitado num fascínio perdido que não tem um fim previsível.
Não chega a hora de dar descanso à paciencia que me faz passar dias sem ti. Tenho um corpo à tua espera. À espera do quanto tu consigas consumir dele. Louco por que o teu sabor a irresistivel tome conta de tudo.
Porque o mais certo é que nunca nos cruzemos no dia-a-dia. Mas que também não consigamos viver um sem o outro. Fazes-me a falta que não sentes.