segunda-feira, março 19, 2012
sexta-feira, março 02, 2012
O quarto do mundo
Uma Mulher tem uma casa que é partilhada por outras pessoas. Ela tem nessa mesma casa um quarto que é exclusivamente seu, e que mais ninguém pode entrar lá. Jamais. Além de chamada a atenção para a total proibição, seja quem for, de entrar naquele quarto, o mesmo encontra-se trancado com uma porta inviolável. Ninguém sabe o que tem naquele lá dentro que o faça auqel espaço tão especial, único e reservado. Menos ela.
A mulher passa muito tempo lá dentro, sabe-se lá a fazer o quê. Quanto mais interdito aquele lugar, mais desejoso é querer saber o que há la dentro. Sente-se a satisfação na cara dela quando sai de lá de dentro.
No fundo, aos olhos de quem não conheça, aquele espaço é um quarto completamente vulgar. Ela é que lhe deu um valor que o quarto sente completamente. Ou o quarto deu-lhe um sentimento que só ela pode explicar.
Provavelmente, por ser restrito ao resto do mundo, as outras pessoas intrigam-se e querem conhecer o que despertou nela o bem-estar de se sentir sozinha lá dentro.
É simplesmente um mundo dentro de outro. Um quarto privado dentro da privacidade da casa. Mesmo que seja um quarto vazio, o seu conteúdo está repleto de sentimentos com que ela o encheu todos os dias - e isso nunca ninguem irá entender.
E se a mulher fores tu, e o quarto for eu?
Não pensarão as outras pessoas o que terás tu visto naquele quarto que te fascinou, e que elas não conseguem entender – muito em parte por desconhecerem o que estará lá dentro? Não ficarão os outros compartimentos da casa a pensar o que haverá tem de tão especial aquele quarto que te faça sentir melhor que no resto da casa?
E se deixares de entrar no quarto, mesmo continuando a ser interdito a toda a gente? O quarto não deixa de ser uma curiosidade, mas também não será assim interessante.E o proprio sentir-se-a menos especial, e completamente vazio de tudo, ainda que seja simplesmente teu.
A tua presença é um privilégio. E qualquer sítio pode ser privilegiado por te ter lá. Mas o facto de estares num sítio só teu, que mais ninguém conhece, e que te faz sentir bem, fica revestido de uma aparência especial. Eu gosto de ser esse quarto pela exclusividade que permite em ter-te próximo de mim. Isso é um sentimento que não é possível traduzir por palavras ou gestos.
Estar a sós contigo permite a imaginação levar-me para lugares paradisíacos. Para sonhos que se realizam enquanto estou acordado. Para mundos onde o limite é a ousadia do desejar e a delicia do sentir. Quando entras no quarto, o quarto liberta-se do mundo e torna-se livre - E tu vens junto.